Como faço para que me leiam e me citem se não publico em elite-journals?



Foto: sj_sanders
Recentemente no blog do ResearchGate1,
o Professor Rolf Henrik Nilsson, da Universidade de Gotemburgo, propôs a
pergunta recorrente que sempre surge aos novos pesquisadores (e não tão
novos): como incrementar a visibilidade de seus artigos publicados?2
A maioria dos pesquisadores que não se
encontram no seleto grupo de privilegiados que publicam em periódicos de
“elite” ou em periódicos do Q1, se perguntam qual a receita para
melhorar o impacto do que publicam.
O Professor Nilsson iniciou um
interessante debate que, transcorridas duas semanas desde que publicou
seu post, recebeu cerca de 30 contribuições provenientes de dezenas de
universidades e instituições muito distantes umas de outras como Estonia
Physical Society, Manchester Metropolitan University, University of
Melbourne, California State University, Spanish National Research
Council, Universidad de Monterrey, University of Waikato
, etc.
O ponto de partida de Nilsson é enfocar o
objetivo de aumentar o impacto de citações como uma questão de Relações
Públicas. Ele não considera o Fator de Impacto dos periódicos de elite,
o WoS, Scopus, etc.; isso será consequência de uma tarefa adequada de
promoção. Para iniciar o debate, Nilsson propõe algumas ações clássicas e
convida outros pesquisadores a revelar seus conselhos úteis (tips).
  • Publicar preprints/postprints em repositórios como arXiv ou similares.
  • Levar uma boa quantidade de reprints para as próximas conferências em que comparecer.
  • Escrever um comunicado de imprensa em colaboração com o escritório ou assessoria de imprensa da sua universidade.
  • Enviar avisos a uma lista apropriada de e-mails.
  • Incluir cópias do artigo nos painéis de notícias nas cantinas das universidades que visita e trabalha.
Produziu-se, então, uma cascata de
ideias, mais de 30 diferentes sugestões foram contabilizadas, algumas
das quais recompilamos nesta nota:
  • Pregue uma cópia da primeira página de seu artigo no quadro de
    avisos das salas sociais de seu local de trabalho ou que visite para dar
    conferências.
  • Faça uma apresentação breve (gratuita) de seu artigo no campus, e sirva biscoitos e café ao público.
  • Dê uma conferência sobre o tema em sua classe e logo a inclua nos temas de exames.
  • Solicite que seus estudantes façam uma revisão ou complemento do trabalho e atribua notas.
  • Agregue o título do trabalho no CV de sua página na Web com o título “Publicações recentes”.
  • Anuncie a publicação em sites como ResearchGate ou Facebook, Academia.edu,
    Mendeley, Scribd, ORCID, Epernicus, e todos os outros sites de mídias
    sociais gratuitos que conheça, e caso não estiver registrado, faça-o e
    divulgue seu trabalho.
  • Caso possível, publique o artigo em periódicos de Acesso Aberto, como os do SciELO ou PLOS.
  • Envie cópia de seu artigo a autores que escrevem livros-texto para
    instituições de ensino superior. Os autores revisam seus livros
    regularmente e é possível que incluam seu artigo na bibliografia da nova
    edição. Tanto estudantes como professores leem os livros e seu artigo
    estará incluído.
  • Envie cópias de seu artigo a todos os autores que você incluiu em
    suas referências, eles lhe agradecerão terem sido citados, e é possível
    que, por reciprocidade, o citem no futuro.
Também foram apresentadas algumas ideias
mais sofisticadas e elaboradas, como, por exemplo, uma ideia enviada por
uma Professora da Iowa State University. Esta pesquisadora
buscou no Google Scholar a frequência de resultados para cada um dos
descritores associados ao seu artigo ou às palavras chaves do título.
Então, todos os termos que obtinham grande número de resultados no
Google Scholar foram substituídos por termos mais precisos, de modo que
reduziam a resposta. Por exemplo, em seu trabalho sobre uma espécie de
feijão, se ela buscava ‘feijões-comuns’ obtinha 32.700 documentos, porém
usando ‘Phaseolus vulgaris’ obtinha 289.000, motivo pelo qual
em seu artigo usou ‘feijões-comuns’ aumentando, desta maneira, a
probabilidade de que seu artigo fosse recuperado por um pesquisador da
área. Ademais, é importante que no resumo se usem diferentes sinônimos
das palavras-chave do título e dos descritores.
Outros conselhos são aportados por Paul Goldbert no seu blog em um artigo chamado The pursuit of citations, no qual se destacam duas observações3:
  • Escreva com uma boa quantidade de coautores, e que cada um deles se encarregue das relações públicas, o que aumentará a difusão.
  • Independente do campo de pesquisa em que você atua ser grande ou
    pequeno é muito mais importante se é um campo que está crescendo com
    rapidez ou se a comunidade está perdendo o interesse no tema. Não é
    importante que sua área seja grande, é mais importante se ela está
    crescendo.
Finalmente, caso deseje uma lista mais completa com 33 estratégias, se recomenda ler um trabalho publicado em 2013 no periódico International Education Studies intitulado Effective Strategies for Increasing Citation Frequency4.

Reflexão

A quantidade de citações que seu artigo
receber não será mecanicamente herdada da importância do periódico (FI)
no qual publique, porém de sua tarefa de promoção e marketing.

Notas

1 ResearchGate (https://www.researchgate.net/)
é uma rede social de pesquisadores de todo o mundo que vincula mais de 5
milhões de pesquisadores com o objetivo de compartilhar publicações e
acesso aos resultados científicos.
2 NILSSON, R.H. How do you increase the visibility of published article? ResearchGate.net. [viewed 30 October 2014]. Available from:http://www.researchgate.net/post/How_do_you_increase_the_visibility_of_published_article
3 GOLDBERT, P. The pursuit of citations. Paul Goldberg. [viewed 30 October 2014]. Available from:http://paulwgoldberg.blogspot.com/2007/12/pursuit-of-citations.html
4 EBRAHIM, N.A., et al. Effective Strategies for Increasing Citation Frequency. International Education Studies. 2013, vol. 6, nº 11, pp. 93-99. Available from:http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2344585

spinakSobre Ernesto Spinak

Colaborador do SciELO, engenheiro de
Sistemas e licenciado em Biblioteconomia, com diploma de Estudos
Avançados pela Universitat Oberta de Catalunya e Mestre em “Sociedad de
la Información” pela Universidad Oberta de Catalunya, Barcelona –
Espanha. Atualmente tem uma empresa de consultoria que atende a 14
instituições do governo e universidades do Uruguai com projetos de
informação.
 Fonte: Blog Scielo